segunda-feira, março 22, 2010

wakingsleeping



Cheguei do rock de madrugada. Apenas rock sem golão. Não estava bebendo. Nem fumando. Me encontrava na época de reencontro. Tentando me achar fora de uma garrafa. Eu e minha alma, sem as bengalas/barreiras. Apenas meu ser...Tomei um Toddy. Como faz o Zé Galinha cinco da tarde. Mas eram 4 da manhã. Peguei uns cookies de chocolate. O que ia passando na TV era a Pequena Miss Sunshine. Assistia ao filme como se não existisse nem enredo nem sons. Apenas imagens. Luzes que se formam na caixa de 29 polegadas. Aquilo foi me dando um sono, que logo me tomou. E por ali fiquei. Por vários minutos que se completaram em mais de uma hora. Adormecido no sofá. Até o dia clarear. Então me vi acordar. Ouvindo os passarinhos pardais da alvorada. Ecoando um canto de uma só nota. Pios infinitos. Senti meu corpo vivo. Pela metade . A outra permanecia dormindo. Achei muito estranho. Assustado, me arrastei com a parte esquerda do meu corpo até meu quarto. Insólito. Cai na minha cama e adormeci. Quando novamente despertei, comecei a lembrar do ocorrido. O que havia acontecido? Eu havia dormido sobre meu lado esquerdo do corpo. A hipótese de dormência podia ser descartada. E um possível infarto também. No fim das contas concluí: Acordei dormindo.

quarta-feira, março 03, 2010

Frieza tecnológica




É indiscutível os benefícios que a tecnologia traz para nós todos os dias. Podemos saber o que acontece do outro lado do mundo quase instantaneamente. Nossos carros nos levam e trazem com muito mais conforto e muito menos esforço. Comer é muito mais fácil com os restaurantes fast-food ou com as comidas congeladas. A medicina avança cada vez mais, proporcionando uma melhoria da saúde em geral. Podemos ouvir nossa música preferida em qualquer lugar, desde que em nossas mãos esteja um MP3 player ou um celular, que por sua vez nos permite tirar fotos, fazer vídeos e até mesmo telefonar pra alguém. Ou melhor, hoje em dia já podemos fazer um vídeo conferência por celular. Tudo isso é muito bom. Mas está tudo muito fácil. Sem muito trabalho. Alguém irá perguntar: “E isso é ruim?” Por um lado podemos dizer que sim. A tecnologia nos priva da emoção da descoberta... Quem tem mais de 30 anos vai se lembrar dos discos em vinil e seus encartes maravilhosos. Existia a emoção de ir até a loja e ver se aquele disco do seu artista preferido tinha chegado. Tínhamos aquele prazer de colocá-lo no toca disco e ouvi-lo acompanhado as letras e viajando no encarte. Tudo isso na compainha dos amigos... Não era fácil igual nos dias de hoje. Atualmente é só entrar num blog ou pegar um torrent, e você já tem a discografia do artista que você ouviu falar. Ouve uma vez algumas e músicas e pronto. Já acha que conhece aquela banda da década de setenta. Acha né. Porque se alguém te perguntar qual sua música preferida ou qual capa do disco é a mais legal não saberás dizer. Tudo muito volátil... Naquela época, a gente se comunicava por carta. Usávamos papel, que tínhamos o trabalho de escrever calmamente pra não errar, porque isso poderia nos custar a tarefa de escrever tudo de novo. A mão. Sem o backspace ou ctrl-z. E depois existia o esforço de ir até o correio, colocar num envelope, selá-la, enviá-la e esperar chegar no destinatário. Muito trabalho né!? Mas isso que era emoção. A expectativa nos dava um certo prazer. A demora da resposta nos dava um frio na barriga. Hoje mandamos um email. Muito fácil. Tão fácil que podemos mandar pra várias pessoas. Nada pessoal. Ou talvez enviar um SMS pelo celular. Ou mensagem no Orkut ou via MSN. Tudo direto. Rápido. Tão rápido que nem guardamos. Descartável... E telefone? Naquela época era fixo, com fio e disco. Existia a palavra discar no nosso vocabulário. Os números não eram digitados. Eram discados. E não existia secretária eletrônica. Muito menos identificador de chamadas. Ou você falava com a pessoa, ou deixava recado com alguém que por acaso atendesse. Era isso. Essa expectativa que era o legal. Supimpa. Massa. Nos dias de hoje, ligamos e se a pessoa não atender, não tem problema. Nosso número vai estar gravado-lá, como prova do nosso interesse. E a comida da mamãe? Que isso! Dá muito trabalho. Vamos ali no self-service da esquina. Ou melhor ainda. Vamos ligar pro restaurante chinês. Já vem na caixinha. É melhor que dá pra comer em frente da televisão vendo TV a cabo. Mil canais pra sua diversão. Comemos vendo o sexo das formigas africanas e logo depois o terremoto lá no Chile que matou mais de 700 pessoas e provocou um tsunami lá no Japão. Ou isso tudo na internet. Entrando em mil sites ao mesmo tempo. Tudo rápido e fácil. Um milhão de informações. Mas cadê a emoção? Cadê o prazer da busca e descoberta? Está extinto. Não existe mais. Alias. Existe. Mas é fútii e passagero. Até o as relações ditas amorosas estão desse jeito. Você entra no bate-papo virtual, conhece uam pessoa e começa um relação via MSN. Logo estarão fazendo sexo pela web cam. E contato? E a troca de calor? Cadê? Sumiu. Muito frio.

Por Augusto Nora